Marcas D'agua

Projeto de artes em campo expandido

 

"Propus no mês de março/2020 A PERFORMANCE “residência dentro da residência” - recepção de 4 outras artistas, 1 (uma) em cada semana, para partilharem suas poéticas durante o período previsto de criação. As propostas irão integrar a exposição Marcas D´Água durante a mostra final de todes os ocupantes e residentes do Programa Internacional de Residência da Despina. Cada encontro produzido na vizinhança entre as artistas residentes poderá resultar num trabalho para integrar a Mostra Final ou outra proposta que conjugue o “e” nesse processo. A interessada deverá enviar de forma sucinta; sua intenção na residência; currículo e escolher um dos 4 períodos de trabalho: 2/03 a 06/03; 9/03 a 13/03; 16/03 a 20/03; 23/03 a 27/03."

PAUSA

Edzita Sigoviva
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Como a performer pode atravessar as fronteiras individuais dos espaços de convivência e criação, sejam eles artísticos ou de outra natureza? A residência começa com 1 ano de atraso devido a questões pessoais. Chegam as propostas de trabalho; sete artistas enviam seus materiais e suas intenções de compartilharem suas práticas. A proposta inicial é remontada, a partir de agora todas são convidadas a entrar!

 

CLARICE RITO
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Encontros aconteceriam semanalmente. Um grupo estaria presencialmente no espaço físico da Despina enquanto o restante acompanhava virtualmente os fluxos da residência presencial. Um rodízio de troca das participantes seria realizado a cada semana.

 

TUK MELLO
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Encontro com Marcas D´Água transpessoais e coletivas. Fio condutor dos fluxos da residência, de elemento gerador e propulsor a produtor de violências. A água dos choros, das salivas, dos gritos, da lambida molhada do sexo, das chuvas torrenciais, dos sangues, dos mares que circundam as cidades, das águas subterrâneas dos rios debaixo de nossos pés e que mata a seca da garganta. As águas. O tema consistia em mover a questão da violência contra corpas no seu mais amplo aspecto e significado. Os materiais utilizados poderiam se expressar no campo expandido: vídeos, fotografias, têxtil, dança, performance, podendo inclusive desvincular as produções como resultado a ser apresentado ao público. Logo na primeira semana as primeiras artistas se reuniram e inauguraram aquele momento para as que viriam em seguida. As próximas viriam já impregnadas das memórias e testemunhos daqueles dias de abertura de processos.

 

ARA NOGUEIRA
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Ativação 1: Dois mapas se sobrepuseram: um do Centro do Rio onde havia a localização da Despina e o outro onde constava as afluentes e rios da cidade do Rio de Janeiro. Levando em conta os movimentos subterrâneos desses fluxos; o que está embaixo dos nossos pés e não aparece tão facilmente. Após uma longa rodada de conversa sobre a presença desses rios no imaginário político, cultural e poético, selecionamos algumas palavras-guias como imagens-dispositivos para a saída. Caminhamos em grupo até a praça Cruz Vermelha e de lá vivemos nossos trajetos pessoais.

 

DULCE LYSYJ
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Corpas que desviam, corpas-rios. Imagem/experiência vinda das ruas, uma possibilidade de resistência, criação, mas também de controle normalizador e seletivo que a cidade intenta produzir sobre o que lhe escapa e o que lhe é ameaçador. Falamos sobre as marcas e as diferenças que o tema da água pode ganhar se nos atentarmos à escuta descolonial das relações, principalmente em tempos de grandes tragédias e acontecimentos que desmontam a pretensa superioridade da dimensão humana.

 

ANNA CECILIA CABRAL
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Uma das estratégias de resistência é realizar um giro sobre os termos e concepções de pensamento e categorias sobre as coisas. No nosso caso, Corpas imbuídas de Rios podem penetrar mais profundamente os solos enrijecidos, as camadas concretas da cidade; as camadas acimentadas das relações. Corpas-Rios são corpas que submergem, subterrâneas, que ganham força e contornos nos encontros, nos nós, nas bifurcações. Incorporam uma espécie de maleabilidade que pode abrir acesso a outras cartografias pessoais e coletivas. Realizam uma redistribuição de afetos, sexualidades e forças. Um andar desviante não se enche da objetividade racional, tampouco se perde solitário nos fluxos de produção da cidade. Desviando-nos de sermos colocadas contra parede nos cuidamos coletivamente. Ativação 2: “Desviar sem Violência”. Ativação 3: A deriva foi acrescida a uma ideia de registrar gestos da cidade com a água. Chegamos a esse combinado despois do dia anterior com as imagens que captamos. Onde estão as águas da cidade? Como as pessoas se relacionam com elas? Que camadas evidenciam os efeitos dessas águas em diferentes experiências? Consideramos desde poças, até fontes de água limpas na cidade. Alguns encontros foram filmados para compor imagens de vídeo para a projeção que intentamos realizar para o fim da residência.