Nós
Nós é mais que um pronome coletivo. São os espaços de intersecção uns com os outrxs; é o movimento nascente; o ponto que leva o brotar e o crescimento. É uma dança de um gesto mínimo nascido entre nós.
Interligados uns aos outros e a Terra nos reconhecemos enquanto realidade extensa. Nesse momento de crises profundas em nossa sociedade humana, é perceptível o quanto a arte se torna um importante caminho de reconexão com o que está a nossa volta, e, principalmente, com a vida que habita em nós, em nosso próprio corpo e entre as suas interelações. Somente ao reconhecer essa ligação extensa nascerá uma dança gerada em conexão com o ambiente.
Portanto, esse projeto de oficina ateliê trabalha a presença e a consciência corporal do participante, bem como a criação a partir de memórias e conteúdos imaginativos por meio de ações que ampliam os limites do corpo-pensamento. Segue nessa proposta uma metodologia específica (disponibilizada em ambiente virtual gratuito) - baseada nas práticas somáticas, yoga, dança Butoh e ferramentas do processo life/art process de Anna Halprin - de sensibilização, improvisação e criação de um trabalho coreográfico coletivo que visa um corpo em ressonância com o mundo.
Através do convite para aprofundar coletivamente a compreensão do tempo catastrófico da pandemia e da percepção de uma rede de criação que auxilia o participante a conectar a vida interior (paisagem interna do corpo), o espaço interelacional (entre corpos, sejam eles humanos ou não-humanos), a memória (pessoal e transpessoal) e aspectos infra-corporais (campo sócio-político-cultural). Trata-se, portanto, de problematizar realidades de contenção como passíveis de insurgência artística e de retomada de um movimento de ressonância vital com o mundo. Toda essa justificativa abrange relações fragilizadas do nosso sociocultural e que, muitas vezes, não possuem oportunidade para usufruir desse bem viver e da dança como prática e conhecimento artístico.
Projeto desenvolvido para amadores e iniciantes, principalmente mulheres e mães em situação de vulnerabilidade social, com o tema: Corpo e Dança – Práticas de Cuidado de Si. Espera-se que com essa oficina, através do que a dança promove como cuidado consigo e com o outro, possa-se disseminar essa prática para o ambiente em que essas pessoas vivem. Visto que mulheres estão tendo um papel crucial nessa pandemia de ativismo sóciocultural e de reinvenção das artes, é a partir delas e de seus vínculos próximos que alguma transformação do hábito corporal corporificado no ambiente pode acontecer.