Marcar a Presença
Performance, Pixo, Fotografia e sublimação em tecido
Uma cidade existe entre sombras. Essas sombras não são somente áreas sombreadas debaixo das árvores ou embaixo de guarda-sóis - seria curioso acompanhar com o passar das horas tais volumes formando manchas na extensão da praia ao mesmo tempo que competem com as sombras das construções - mas não, das sombras que falo, estão os fantasmas. Pouco se fala dos fantasmas de uma cidade porque eles não têm a mesma carnalidade do cotidiano violento. Os fantasmas são cortes, rugas no tempo, marcas de sangue, feridas que não cicatrizaram, portas abertas que batem produzindo o arrombo do espaço privado, das histórias não contadas, dos mortos que clamam por suas presenças e - das certezas - quando se quer enfrentá-las. Mas os fantasmas não são além-carne, é com eles que temos a oportunidade de nos humanizar e fazer desses espaços "uma celebração da nossa capacidade de nos mover, "além-dor".
Marcar a Presença é um tecido sublimado das fotografias da performance na cidade de Rio das Ostras. Faço um pixo com a frase Marcar a Presença em alguns muros da cidade, acendo uma vela e coloco a câmera para ser minha testemunha. Fotografo. Depois uma montagem dessas imagens. Muros são fronteiras friamente demarcadas, o que faço é clamar pela aparição, minha e das corpas dissidentes da cidade. Tornar visível tal desejo político na esfera pública.
O espaço privado, sitiado como propriedade privada desde a destituição das comunas e a posterior separação entre espaços de atuação – à casa, reserva-se a performance e os direitos de ocupação à mulher, à rua e demais espaços sociais, destina-se ao homem. Observar tal contexto no Brasil, neste momento, parece fornecer muito material sobre os encontros com as visibilidades públicas com a pseudo política-democrática no país em relação às inúmeras formas de dissidências de poder